Quanto vale o seu tempo? Essa e outras perguntas pairam no ar enquanto os atores de ”O Tempo e o Cão” estão em cena. E até depois de sair do canteiro aberto onde a peça é encenada, as comparações entre o cotidiano e a vida dos animais retratados na montagem permanecem.
Esta é uma peça em construção que acontece em um local em construção. A Vila Itororó, localizada na região central da cidade, é patrimônio histórico de São Paulo e se tornou um local aberto à comunidade para atividades culturais em 2006. No espaço funciona um centro cultural que oferece diversas oficinas, como aula de yoga, dança e fotografia.
É caminhando entre os materiais de obra e usando capacetes de segurança, que os espectadores assistem à peça e escrevem suas sugestões de mudanças em post-its amarelos. As cenas são guiadas por um relógio e seu tic tac incessante que deixa tudo mais intenso, já que o relógio é uma metáfora ao tempo que passa a todo instante.
As vidas dos animais retratados na peça podem ser facilmente comparadas as dos seres humanos, que muitas vezes passam a vida andando em círculos como o cavalo, ou engaiolados como o leão. Os atores (Carolina Angrisani, Danielle Lopes, Gustavo Curado e Márcio Rossi) interpretam com muita força, emocionando por diversas vezes a plateia curiosa, formada majoritariamente por também artistas ou por pessoas que frequentaram a peça em algumas outras apresentações e quiseram conferir as mudanças ocorridas no roteiro.
A montagem é uma adaptação do livro ”O Tempo e o Cão: A Atualidade das Depressões”, de Maria Rita Kehl -inclusive a obra aparece durante a peça e algumas frases dela são lidas na apresentação. O documentário cênico é exibido às sextas e sábados, sempre às 17h30 na Vila Itororó – Rua Pedroso, 238 – Bela Vista. As apresentações têm duração entre 60 e 90 minutos e o espetáculo fica em cartaz até dia 25 de maio. O ingresso é gratuito e precisa ser retirado no local a partir das 16h30.
por Michele Santos – especial para EOL
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