Crítica: “Sing 2”

O ano só está começando e já conta com a primeira ótima estreia nas telonas. Continuação direta do sucesso de 2016“Sing 2” traz de volta as principais figuras vistas no longa antecessor, com a nítida vantagem de agora serem conhecidas e poderem ter suas histórias desenvolvidas com maior proximidade do público.

Com seu teatro em pleno funcionamento, graças aos investimentos da milionária ovelha Nana (Jennifer Saunders),  Buster Moon (Matthew McConaughey) almeja voos mais altos – sonho que pode ser interrompido após a má recepção da caça-talentos, Suki Lane (Chelsea Peretti),  à sua adaptação de “Alice no País das Maravilhas” – que, por sinal, me pareceu interessantíssima.

Inconformado com a suposta chance perdida, o coala empresário reúne seu grupo e parte em direção à cidade de Redshore, uma espécie de meca do entretenimento, onde a fama pode estar mais perto do que se imagina, se as oportunidades forem aproveitadas.

É nesse cenário que Buster vê a possibilidade de apresentar um show de proporções infinitamente maiores, calcado em dois pilares distintos: o roteiro alucinado do sempre simpático porco Gunter (Nick Kroll / Marcelo Serrado) e o generoso patrocínio do lobo magnata, Jimmy Cristal (Bobby Cannavale).

Mas, para que esse sonho ganhe forma nos palcos, será necessário trazer de volta aos holofotes o experiente astro do rock, Clay Calloway (Bono / Paulo Ricardo). O leão encerrou sua bem-sucedida carreira musical após o precoce falecimento de sua esposa e não parece disposto a mudar sua solitária rotina de reclusão.

Além de Clay, outro nome é exigido como novidade no elenco: Porsha Crystal (Halsey/ Lexa), a filha mimada de Jimmy, cujo talento para interpretação é inversamente proporcional à sua intrepidez e empolgação. A presença da jovem loba e uma inesperada fobia de altura põem em risco a participação de Rosita (Reese Whinterspoon / Mariana Ximenes) na peça.

A narrativa escrita e dirigida por Garth Jennings (que também dá voz à iguana Dona Kiki, na versão original) se desenrola em um ritmo que tem tudo para entreter as crianças e conquistar a atenção dos adultos – estes, mais uma vez, sendo agraciados com uma trilha sonora impecável e eclética que vai de Billie Eilish e The Weeknd a Dione Warwick e System of a Down.

Destaco, entre as canções, o momento de reflexão de Buster embalado por “Goodbye Yellow Brick Road”, de Elton John, além do belíssimo dueto formado por Clay e Ash (Scarlett Johanson/ Wanessa Camargo) em “I still haven’t found what I’m looking for” do U2, em uma das sequências mais emocionantes do filme. Assim como “Your Song saved my Life”, composição inédita do U2 para a animação, cuja letra é muito pertinente ao assunto principal da trama.

Lutar pelo que se acredita, mesmo quando as coisas não parecem tão favoráveis para a realização de um desejo, também é a mensagem passada por “Sing 2”. E ver a concretização de algo que se almeja, ainda mais quando há real merecimento, sempre será gratificante.

Personagens – novos e veteranos – cativantes e trilhas que podem ter infinitas formações, devido à diversidade das faixas escolhidas para enriquecer cada cena. Esses dois ingredientes me parecem mais do que suficientes para já ter saído da sala de cinema torcendo pelo breve anúncio de um terceiro capítulo na saga da trupe de Buster Moon.

Imperdível.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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