Sozinha em uma isolada mansão, a jovem Sophie (Skyler Davenport) passa por apuros ao ter a casa invadida por três assaltantes. Deficiente visual, porém muito hábil, ela recorre à tecnologia para auxiliá-la na locomoção diariamente, e, nesse momento de tensão, encontra assistência através de um aplicativo, através do qual a ex-agente do exército, Kelly (Jessica Parker Kennedy), ajuda a preservar sua vida.
“Veja por Mim” (Mira por Mí / See for Me) se desenvolve muito rapidamente, não criando aquele suspense comum nesse tipo de narrativa, o que o torna um tanto quanto previsível. O fato da protagonista não ser necessariamente uma vítima é uma jogada que pode fazer com que nem todo espectador embarque na história. É errado ou incomum essa abordagem? Não, todavia é um risco da protagonista não cair nas graças do público.
A obra tem um excelente cenário para um título de ação/terror: a casa escolhida como cenário em meio às montanhas nevadas, a maquiagem pálida, o figurino predominantemente escuro e a baixa iluminação desde o início já criam uma grande expectativa.
Analisando por outro ângulo, “Veja por Mim”, traz uma história original, fugindo do óbvio, com uma protagonista complicada, tanto por suas necessidades especiais (fisicamente), como também por seu desvio de caráter – é uma caixinha de surpresas do início ao fim.
Quem já tem o hábito de assistir a longas de suspense e terror, talvez vá perceber algumas falhas e oportunidades perdidas no desenvolvimento do enredo. Mas, quem não tem esse hábito, ou, se permite fugir do óbvio, será surpreendido com sequências de ações rápidas.
Essa parceria improvável entre uma garota deficiente visual e uma ex-agente do exército, que só se falam através das telas, rende um toque de leveza e sentimento ao cenário mórbido. Duas mulheres fortes se ajudando, com o único intuito de preservar suas vidas.
Vale destacar que Skyler Davenport, atriz que interpreta Sophie é deficiente visual também na vida real, esse fato talvez seja a explicação para que cenas em locais como escadas, rampas, pontes estreitas e locais repletos de objetos cortantes sejam desenvolvidas com maestria.
Com direção de Randall Okita, e distribuição pela Paris Filmes, a obra tem muito potencial pra se destacar no gênero proposto, principalmente pela ousadia em propor algo que foge dos scripts tradicionais e pela originalidade.
Talvez isso resuma a sétima arte: o fato de sempre inovar, e de não existirem modelos tradicionais a serem seguidos ou explicados. Pois, toda boa obra cinematográfica deixa seus questionamentos nas entrelinhas.
por Leandro Conceição
*Texto originalmente publicado no site CFNotícias.
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