Transformar Contos de Fadas em versões menos encantadoras (mas tão cativantes quanto) parece ser a mais nova brecha encontrada por cineastas para dar um algum frescor ao gênero terror. O que significa que, pessoas que gostam das histórias clássicas – mas que também não dispensam o bom e velho gore – estão bem satisfeitas com tal decisão.
A mais nova inserção desse subgênero é “A Maldição de Cinderela” (Cinderella’s Curse), que, assim como o título indica, tem sua narrativa baseada na famosa personagem que sonha com um príncipe encantado e usa um icônico par de sapatinhos de cristal.
Na trama escrita por Harry Boxley, conhecemos Cinderela (Kelly Rian Sanson), jovem que, após a perda da mãe e o desaparecimento do pai, se vê à mercê das maldades de sua odiosa madrasta, Lady Dyer (Danielle Scott), e das perversas irmãs Ingrid e Hannah (Lauren Budd e Natasha Tosini, respectivamente).
A protagonista sonha em viver uma grande história de amor, longe dos horrores impostos a ela dentro de sua própria casa. Tudo parece se encaminhar para um final feliz, ao encontrar Levin (Sam Barret), príncipe do reino no qual vive, que busca uma pretendente à futura esposa /rainha e acende a chama da esperança no coração da humilde camponesa.
Se tudo parece familiar até esse ponto, o longa tem uma excelente guinada, a partir da descoberta de um livro com ares de amaldiçoado e o encontro de Cinderela com uma versão bem mais assustadora de sua Fada Madrinha (Chrissie Wunna) – esta apresentando um visual tão surpreendente quanto eficaz, sendo minha favorita em tela.
É justamente através dos pedidos por ela, que as melhores partes da história se desenvolvem. A violência explícita é um recurso muito bem utilizado e até mesmo a maquiagem – que poderia ser um ponto bastante problemático em um longa de baixo orçamento – acaba funcionando de maneira competente, na maior parte do tempo.
Um dos grandes destaques é a decisão de fazer do aclamado sapatinho de cristal não só um acessório de estilo, mas um artefato bem mais interessante. Confesso ter ficado muito empolgada com cada uma das sequências em que ele aparece em pleno uso. Com direito à menção de um ponto polêmico (mas brihante) do conto clássico dos Irmãos Grimm.
Com uma duração bastante reduzida de apenas 78 minutos, e sob a direção de Louisa Warren, “A Maldição de Cinderela” obtém um êxito maior do que eu esperava. Figuras detestáveis do conto original alcançam patamares ainda mais elevados de antipatia do público, enquanto a cada cena, aumenta a torcida para que a protagonista conquiste, se não o amor da sua vida, pelo menos sua merecida vingança.
por Angela Debellis
*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.
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