Aletheia, além do nome da protagonista do game hoje, é um conceito grego que pode ser traduzido como “abrir os olhos”, a verdade descoberta, o que se encaixa na personagem que vai desvendando os segredos da última cidade humana.
Em “Gestalt Steam & Cinder” temos uma realidade alternativa, onde um grupo de demônios invadiu o mundo e, para combatê-los, foi criado um grupo de soldados cujas armaduras eram energizadas pela mesma energia demoníaca.
Após a derrota dos invasores, a energia das trevas corrompeu os soldados, criando uma guerra entre eles e a humanidade que já dura 200 anos. Você agora controla a mercenária Aletheia que, em meio às suas missões de rotina, começa a descobrir áreas secretas da cidade envolvendo a antiga guerra demoníaca, enquanto um novo conflito está prestes a eclodir.
O jogo usa o estilo metroidvania para desenvolver sua narrativa, isto é, labirintos complexos onde você só consegue acessar determinados setores usando habilidades ou objetos especiais que você evoluir no game, ao mesmo tempo em que as habilidades de combate são igualmente importantes, com um sistema de evolução e customização dos seus atributos
Aqui tenho uma confissão a fazer. Existem três tipos de jogos que me afastam pela complexa e alta demanda de tempo: mundo aberto, souls-like e metroidvania, então, o que realmente fez “Gestalt Steam & Cinder” me atrair para jogar e dar uma oportunidade ao gênero foi sua estética steampunk, um subgênero narrativo pelo qual sou apaixonado.
Uma estética tecnológica anterior ao século XX enriquecida com magia, na qual os conflitos sociais são discutidos pelo viés da história alternativa. E parece que foi uma boa escolha, pois, além da trama intrigante, durante a qual começam a surgir tensões políticas e religiosas em meio a uma batalha de super-ciência e magia ancestral, a jogabilidade é de fácil aprendizado e se encaixa bem no conceito.
O visual é cativante sem ser poluído, com uma trilha sonora que gera o nível de tensão adequado para cada momento. Cada personagem tem um estilo visual e textos bem marcados, sendo prazeroso ver seus diálogos que explicam o mundo e suas missões. Isso me lembra um pouco estilo que beirava o de desenhos animados mais adultos de jogos adventure dos anos 1990, como “The Dig” ou “Broken Sword”, os quais eu adorava,.
Sobre a jogabilidade, primeiramente o controle joystick de games é extremamente indicado, tanto que você usará praticamente todos os botões do controle!
O aprendizado de cada habilidade é rápido. Não é um jogo de destruição desenfreada ou de exploração pura, mas há toda uma estratégia de usar as pontuações e itens para aperfeiçoar seu personagem na jogabilidade que você prefere.
Sua espada é o item de combate mais importante, com sua pistola servindo para ativar mecanismos e atordoar adversários que possuem não apenas a habitual barra de vida, como também uma de estamina, indicando a capacidade de luta do inimigo.
Se você zera a barra de estamina, o adversário ficará paralisado e receberá quantidades muito maiores de danos. Tudo isso contribui para as lutas nunca ficarem monótonas. Talvez os mais acostumados a jogos modernos estranhem os inimigos retornarem para tela quando um cenário é revisitado, contudo, derrota-los dá pontuações que permitem evoluir seus personagens. Assim, você pode revisitar múltiplas vezes uma área conhecida para testar as novas habilidades de luta e se fortalecer antes de visitar ambientes mais perigosos.
Apesar dos mapas longos característicos do gênero, a curiosidade dá altas recompensas. Além dos itens que deixam mais poderoso, você também destrava atalhos que permitem retornar muito rapidamente para os cenários pregressos. Isso é muito importante, já que terá que explorar mais de uma vez os mesmos mapas, seja para conseguir bônus seja para prosseguir na história.
Por fim, “Gestalt Steam & Cinder” está sendo uma excelente introdução ao gênero metroidvania para mim, então creio que possa funcionar da mesma forma para muitos outros jogadores que têm desejo de se aventurar nesse estilo e não sabem por onde começar sem se frustrarem pela complexidade excessiva.
por Luiz Cecanecchia
*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.
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