Crítica: “Operação Natal”

Festividades Natalinas são um tema tão versátil que servem de base para as mais diversas produções. Quer um terror gore passado na época? Tem. Prefere comédia romântica com direito a beijo debaixo de um ramo de visco? Tem também. Gosta mais de drama? É fácil de achar.

O melhor de tudo é que há muitas obras feitas “apenas” para despertar aquele sentimento que passa a maior parte do ano adormecido (embora devesse ser visto com muito mais relevância durante o ano, já que empatia e respeito ao próximo não têm prazo de validade).

Esse é o caso de “Operação Natal” (Red One), que chega aos cinemas como a maior aposta do gênero para a época em que, não só é permitido, como é altamente indicável, deixar-se levar pela aparente magia que toma conta do mundo. Acredite: é muito bacana tentar enxergar as coisas por esse lado.

A trama escrita por Chris Morgan e Hiram Garcia nos apresenta Jack O’Malley ainda criança (nessa fase, vivido por Wyatt Hunt), tentando provar aos primos que Papai Noel não existe. Por mais que saibamos que tal lenda perde força com o passar dos anos, é triste ver alguém muito jovem e tão descrente, ainda mais quando isso vai influenciar diretamente em muitas de suas atitudes futuras.

Trinta anos depois, o personagem (agora interpretado por Chris Evans) trabalha como uma espécie de hacker que encontra pessoas e/ou coisas difíceis de serem rastreadas. Por suas habilidades, ele será recrutado para descobrir o paradeiro de alguém que nem mesmo acredita existir. Sim, ele mesmo: Papai Noel (J. K. Simmons), que foi sequestrado às vésperas do Natal.

Conhecido como Nick (ou “Das Neves”), o Bom Velhinho tem uma aparência um tanto quanto diferente da qual estamos acostumados, ostentando um corpo bem mais atlético e um vigor muito maior. Mas a essência continua intocada, o que faz com que imediatamente simpatizemos com sua figura em tela.

Para ajudar na busca, Jack contará com Callum Drift (Dwayne Johnson), fiel escudeiro e Chefe de Segurança de Nick há 542 anos, que pretende se aposentar de suas funções, por estar decepcionado com o aumento que a “Nefasta Lista” tem a cada ano. É difícil acreditar nas crianças, quando há tantos adultos que não merecem nenhuma credibilidade andando por aí.

Pelo time dos mocinhos ainda há a participação de Lucy Liu – no papel de Zoe, Diretora da Divisão Responsável pelo Mundo Mitológico; Bonnie Hunt –  como a simpática Mamãe Noel; além do maravilhoso Garcia – Urso Polar Agente da ELF, que tem a voz de Reinaldo Faberlle.

O longa dirigido por Jake Kasdan conta com representações muito interessantes pelo lado dos vilões: Sem um consenso sobre sua origem, Krampus (Kristofer Hivju), a temível criatura com aspecto demoníaco – muito famosa na Europa Central, que tem como meta punir as crianças que se comportaram mal durante o ano. E a Bruxa / Ogra Gryla (Kiernan Shipka), nome vindo diretamente do folclore inlândes, que também mostra forte predileção pelo castigo a crianças (e adultos) que figuram na Nefasta Lista.

Com uma trilha bastante tradicional (incluindo a diva pop Mariah Carey), “Operação Natal” tem momentos ótimos, com tiradas bem divertidas. Dwayne Johnson e Chris Evans formam uma dupla convincente e que se completa. Tudo fica ainda melhor graças aos bons efeitos especiais (em especial no que diz respeito às criaturas mágicas – as Renas são perfeitas).

Para minha surpresa, ainda houve espaço para a boa e velha emoção natalina, que me fez derramar algumas inesperadas lágrimas nos momentos finais do filme e sair da sala já com vontade de montar minha Árvore.

A dica é para Grinchs (entendam-se pessoas que não curtem essa temporada de Festas e não têm capacidade para ver nada de bom nela) manterem-se afastados dos cinemas. Para todas as outras, fica mais uma experiência cheia de tudo que há de mágico na época.

Afinal como diz o próprio Noel: “Nós escolhemos todos os dias quem queremos ser, com pequenas decisões. E todas elas importam”.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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