O clássico Mario Bros criou o gênero de jogos de plataforma como o conhecemos hoje, com o seu foco em pulos, desvios de adversários, itens bônus e colecionáveis, entre outros elementos que foram aperfeiçoados ao longo dos anos dentro da própria franquia quanto em outros jogos como Sonic, Castle of Ilussion e Brais.
Saviorlees é um jogo independente que segue nessa linha e essas são minhas impressões após jogar a primeira metade do game.
Essa é a história de Antar, uma garota que precisa chegar as Ilhas Sorridentes, mas deve lidar com um território devastado por caçadores de garças. Ou melhor, essa parece ser a história, na verdade parte de uma narrativa maior com outros personagens que discute o próprio ato de contar histórias.
Alternamos entre um mundo onde os caçadores estão falecendo vítimas de seus próprios experimentos que originaram criaturas bizarras e com vários obstáculos, tanto naturais quanto gerados por mecanismos quebrados dos caçadores, e conhecemos pouco a pouco a história da ascensão e decadência desse grupo em cenários que mesclam o suave com o macabro, tudo desenhado a mão com alta fluidez de animação.
A música é confortável e adequada para cada ambiente, trazendo o grau de tensão ou leveza para cada momento da história.
Existem outros personagens jogáveis com movimentos adicionais, mas a principal – Amber – tem três ações básicas: movimento para direita ou esquerda, pular, agachar e interação, sendo recomendável um joystick de jogos caso você jogue no PC.
Movimenta-se nas plataformas corretas dentro do tempo exigido e resolver os enigmas necessários para abrir passagens que levam aos próximos níveis, ela não possui uma barra de vida ou itens de poderes especiais. Porém, se você morrer, não há limite de continues e o jogo salva automaticamente em pontos muito próximos, evitando o desgaste de percorrer um caminho desnecessário.
Amber não luta diretamente. Para destruir as criaturas que ameaçam sua passagem é necessário manipular itens do próprio ambiente que funcionam como arma, incluindo agir como uma isca viva para atrair os monstros até uma armadilha.
Talvez isso gere um pouco de estranheza para jogadores mais experientes, cuja tendência é procurar um botão de ataque ou saltar em cima do adversário como nos jogos do Mario, porém, em minutos, você se acostuma e os adversários passam a ser vistos como um enigma a ser solucionado ao invés de um simples monstro para explodir.
Existe um colecionável que são as páginas da história que você está vivendo. Para completá-lo, é necessário rejogar cada fase ao invés de completá-las em momentos específicos de escolhas do game. Aqui optei por apenas seguir em frente, mas, como as fases são curtas, já tenho o desejo de refazer tudo assim que concluir o jogo, só para conhecer os extras, caso o final seja tão satisfatório quanto o próprio game..
Até o momento, Saviorless é um jogo de fácil aprendizado com desafios equilibrados, sem serem monótonos ou trabalhosos demais, quase como se você estivesse jogando um conto de fadas sombrio na forma de desenho animado.
Talvez a maior curiosidade é que esse é o primeiro jogo digital cubano, pelo menos lançado de forma ampla, criado por um grupo pequeno de amigos com diversas dificuldades pela falta de recursos (inclusive acesso limitado à eletricidade e Internet), reforçando que todos em todo mundo têm boas histórias para contar, precisando apenas da oportunidade.
Saviorless chega com versões disponíveis para PC, PS5 e Nintendo Switch, hoje, 02 de abril, com todo o texto traduzido para o português.
por Luiz Cecanecchia
*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.
Comments are closed.