Crítica: “Deep Web: Show da Morte”

Algumas coisas são naturalmente assustadoras. Figuras míticas do gênero terror alcançam esse patamar através da imaginação de seus criadores, que “trazem à vida” personagens que assombram o público que consome esse tipo de conteúdo. Mas nada se equipara ao que a vida real é capaz de proporcionar.

Com o advento da Internet e todas as mudanças em nossa rotina, parece simples imaginar que a tecnologia e suas facilidades têm apenas um lado positivo. Por isso é tão intimidador quando nos damos conta de que, por trás de monitores de computador e telas de smartphones, escondem-se muito mais horrores do que podemos supor.

Passada em Seattle, a trama de “Deep Web: Show da Morte” (The Deep Web: Murdershow) gira em torno da ação de um misterioso grupo que pratica atos de violência extrema (culminando em mortes). Tudo exibido sem pudor, nos mares obscuros da rede mundial de computadores.

Fomentando as execuções, usuários anônimos oferecem criptomoedas em troca da possibilidade de escolher a próxima atrocidade a ser cometida ao vivo. O que faz deles tão assassinos quanto aqueles que manipulam os artefatos mortais.

Uma das vítimas dessa atividade atroz é Amanda “Mandy” Newton (Lauren Jackson), irmã do controverso podcaster Ethan Newton (Aiden Howard). Seu desaparecimento e posterior assassinato serão o ponto de partida para uma investigação que terá como alvo os executores cibernéticos que se escondem sob máscaras de palhaços macabros.

Escrito e dirigido por Dan Zachary (a quem é dedicado in memorian), o filme tem em um único ponto, seu maior acerto / erro: a simplicidade com que trata um assunto tão complexo quanto a Deep Web. Ao não entrar em detalhes sobre os demais conteúdos que podem ser acessados nessa parte obscura da rede, estabelece um grau de incômodo dentro dos limites esperados em um título de terror padrão.

Por outro lado, embora os momentos finais sejam os mais interessantes (surpreendentes), a narrativa torna-se básica, com cada elemento estabelecido desde o início, quase sem reviravoltas. Tal afirmação aplica-se tanto aos personagens em cena, quanto às ações que constroem a história.

Talvez, o maior problema de “Deep Web: Show da Morte” sejam as chamadas “conveniências de roteiro”. Presentes na esmagadora maioria das obras, estas não devem ser tão evidentes, ou acabam interferindo diretamente na imersão do espectador, e é o que acontece em vários momentos do longa.

De todo modo, a premissa das matanças ao vivo mostradas com ares de espetáculo televisivo é válida e impactante. E, pensar que algo semelhante pode estar acontecendo enquanto eu escrevo / você lê esse texto é o que assusta de verdade.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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